quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Cauda de Vênus faz planeta se parecer com cometa

em quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

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A alteração na ionosfera de Vênus durante condições de vento solar normal (esquerda) e uma atividade reduzida no Sol (direita), que criou uma "cauda de planeta". [Imagem: ESA/Wei et al. (2012)]

Atmosfera e campos magnéticos


A nave da ESA Venus Express fez observações surpreendentes de Vênus, durante um período de baixa pressão dos ventos solares.

A ionosfera do planeta expandiu-se na sua face noturna, assemelhando-se à cauda de um planeta.

A ionosfera é uma região da alta atmosfera, carregada eletricamente. A sua forma e densidade são em parte determinadas pelo campo magnético interno do planeta.

Na Terra, que tem um campo magnético forte, a ionosfera mantém-se relativamente estável, numa determinada gama de condições dos ventos solares. Já em Vênus, que não tem campo magnético, a forma da sua ionosfera depende das interações com o vento solar.

Tinha-se dúvida sobre o impacto dos ventos solares na forma da ionosfera. Mas os novos resultados da Venus Express revelaram, pela primeira vez, o efeito de uma pressão de vento solar muito baixa na ionosfera de um planeta não magnetizado.

Cauda de Vênus


As observações foram feitas quando a sonda da NASA Stereo-B mediu uma diminuição na densidade dos ventos solares para 0,1 partícula por centímetro cúbico, um valor cerca de 50 vezes mais baixo do que o observado normalmente; isto persistiu durante cerca de 18 horas.

Quando este vento solar fraco atingiu Vênus, a Venus Express registrou o "balão ionosférico" do planeta saindo pelo seu lado noturno, de uma forma semelhante à cauda de um cometa.

"A ionosfera em forma de lágrima começou a formar-se entre 30 e 60 minutos depois da diminuição da pressão do vento solar. Em um período equivalente a dois dias terrestres, ela esticou-se até pelo menos dois raios de Vênus," diz Yong Wei, do Instituto Max Planck, na Alemanha, principal autor das duas descobertas.

Influências solares


Estas observações encerram o debate sobre a forma como o vento solar afeta o transporte de plasma ionosférico do lado diurno para o noturno de Vênus.

Normalmente, este material escoa ao longo de um fino canal na ionosfera, mas os cientistas não tinham a certeza sobre o que acontece em condições de fraco vento solar.

Será que as partículas de plasma aumentam à medida que o canal se alarga devido a uma menor pressão, ou será que diminui porque há menos força disponível para puxar o plasma pelo canal?

"Sabemos agora, finalmente, que o primeiro efeito se sobrepõe ao segundo, e que a ionosfera se expande significativamente durante baixas condições de vento solar," diz Markus Fraenz, coautor do estudo.

Prevê-se que ocorra um efeito semelhante em volta de Marte, outro planeta não-magnetizado do nosso Sistema Solar.

"Falamos com frequência sobre os efeitos dos ventos solares na atmosfera dos planetas durante períodos de intensa atividade, mas a Venus Express mostrou que até mesmo quando o vento solar é fraco o Sol ainda consegue influenciar significativamente o ambiente dos nossos planetas vizinhos," acrescenta Hakan Svedhem, cientista da Venus Express.

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