sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Temperatura sobe 700ºC em 6 horas em planeta inóspito

em sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Astrônomos nos EUA descobriram um comportamento tão bizarro de um planeta fora do Sistema Solar que o torna de longe o mais inóspito e inabitável já encontrado. Em apenas seis horas, a superfície do planeta HD 80606b passa de 525ºC para 1.225ºC --um aumento de 700ºC. Os extremos de calor acontecem nos momentos em que passa perto da estrela em torno da qual ele gira.

O planeta foi observado através do telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e seu comportamento está descrito na edição de hoje da revista científica "Nature" pela equipe de Gregory Laughlin, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. É a primeira observação de mudanças de clima de um planeta fora do sistema solar.

Nasa/Caltech/J. Langton
Imagens simulam dinâmica atmosférica do HD80606b; superfície do planeta tem aumento de temperatura de 700ºC em apenas seis horas
Imagens simulam dinâmica atmosférica do HD80606b; superfície do planeta tem aumento de temperatura de 700ºC em seis horas

O HD 80606b tem uma massa quatro vezes maior que Júpiter, o maior planeta do sistema solar. Mas, ao contrário do frio Júpiter, ele é bem mais quente, com uma temperatura em geral em torno de 525ºC.

A exceção é quando ele atinge o "periastro", o ponto da órbita mais próximo da estrela. O planeta passa a receber um fluxo de radiação 828 vezes maior do que quando está no ponto mais distante --o "apoastro".

No periastro, o HD 80606b fica dez vezes mais perto da estrela do que o quentíssimo Mercúrio fica do Sol. E a temperatura salta para cerca de 1.225ºC, criando ondas de choque na superfície que os astrônomos puderam detectar.

Como se não fosse pouco para tornar o HD 80606b uma sucursal do inferno, ele gira de modo a sempre apresentar a mesma superfície para a estrela (assim como a Lua sempre mostra o mesmo lado para a Terra). Um lado termina torrado enquanto o outro fica mais frio.

O HD 80606b está localizado a 190 anos-luz da Terra, na constelação da Ursa Maior. Em 14 de fevereiro próximo ele estará entre a Terra e sua estrela, permitindo sua observação mesmo por telescópios de astrônomos amadores --o planeta apareceria como uma minúscula mancha negra ocultando a estrela.


Fonte: Folha de São Paulo

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