Durante 34 dias, Jean-Pierre de Vera e os seus colaboradores do Instituto de Investigação Planetária, em Berlim, mantiveram líquens antárcticos selados numa câmara com condições ambientais semelhantes às da superfície marciana. No final da experiência, os investigadores verificaram que os líquens não só estavam vivos como também se tinham adaptado ao seu novo ambiente, ocupando nichos em fissuras abrigadas nas rochas e no solo marcianos simulados.
Líquens
São associações simbióticas de mutualismo entre fungos e algas. Os fungos que formam líquens são, em sua grande maioria, ascomicetos (98%), sendo o restante, basidiomicetos. As algas envolvidas nesta associação são as clorofíceas e cianobactérias. Os fungos desta associação recebem o nome de micobionte e a alga, fotobionte, pois é o organismo fotossintetizante da associação.
Condições marcianas
Os investigadores recriaram uma atmosfera e solo muito semelhante à de Marte de acordo com os dados obtidos pelas missões de exploração. Fontes luminosas especiais, abrangendo todo o espectro desde ultravioleta até ao infravermelho, reproduziram em ciclos de 16 horas de luz e 8 horas de escuridão, a intensa radiação solar que atinge a superfície do planeta vermelho. Por fim, a temperatura no interior da câmara oscilou em ciclos semelhantes aos da luz, entre os -50ºC e os 23ºC.
Os resultados deste trabalho sugerem que a fotossíntese é um processo biológico possível de concretizar nas condições extremas oferecidas em Marte. Os líquens polares demonstraram ser sobreviventes criativos, colonizando em poucos dias os nichos mais abrigados no ambiente artificial da câmara de simulação.
Os investigadores estão a testar as mesmas condições com outros organismos, incluindo líquens polares e alpinos e cianobactérias. Entre os organismos seleccionados contam-se alguns usados em experiências realizadas na ISS, em plataformas de exposição às condições do espaço.
Os resultados demonstram que um variado leque de líquens e cianobactérias isolados de ambientes polares apresentam as mesmas capacidades de adaptação às condições ambientais marcianas observadas na primeira experiência.
Este trabalho foi apresentado em Abril passado na Assembleia Geral da União Europeia de Geociência.
fontes:
AstroPt
Assembleia Geral da União Europeia de Geociência
Só Biologia
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