Incoerências do Big Bang
Uma equipe internacional, incluindo astrônomos brasileiros, conseguiu derrubar a principal discrepância acerca dos primeiros minutos após o Big Bang - a grande explosão que se acredita ter originado o Universo.
As observações eliminaram uma incoerência entre teoria e dados observados, considerada um dos principais problemas cosmológicos da atualidade.
Um dos indícios da teoria do Big Bang é a proporção de elementos químicos mais simples produzidos nos primeiros instantes do Universo.
A proporção dos diferentes isótopos mais leves, como os isótopos 6 e 7 do lítio (Li-6 e Li-7), pode ser calculada com precisão pelo modelo de nucleossíntese do Big Bang, e essas previsões podem ser verificadas usando observações de objetos quimicamente mais "primitivos", como estrelas muito pobres em metais, formadas logo após o Big Bang.
A previsão teórica é que apenas uma quantidade desprezível de Li-6 foi criada, tão pouco que seria impossível detectar Li-6 nessas estrelas.
Mas não era isso o que vinha ocorrendo na prática.
"Observações anteriores de estrelas muito antigas sugeriram que a quantidade de lítio-6 (Li-6) teria sido 200 vezes maior que o produzido nos primeiros minutos após a grande explosão, e que o lítio-7 (Li-7) entre três e cinco vezes menor que o calculado por cosmólogos e físicos teóricos", conta o professor Jorge Meléndez, da Universidade de São Paulo (USP).
Um dos indícios da teoria do Big Bang é a proporção de elementos químicos mais simples produzidos nos primeiros instantes do Universo.
A proporção dos diferentes isótopos mais leves, como os isótopos 6 e 7 do lítio (Li-6 e Li-7), pode ser calculada com precisão pelo modelo de nucleossíntese do Big Bang, e essas previsões podem ser verificadas usando observações de objetos quimicamente mais "primitivos", como estrelas muito pobres em metais, formadas logo após o Big Bang.
A previsão teórica é que apenas uma quantidade desprezível de Li-6 foi criada, tão pouco que seria impossível detectar Li-6 nessas estrelas.
Mas não era isso o que vinha ocorrendo na prática.
"Observações anteriores de estrelas muito antigas sugeriram que a quantidade de lítio-6 (Li-6) teria sido 200 vezes maior que o produzido nos primeiros minutos após a grande explosão, e que o lítio-7 (Li-7) entre três e cinco vezes menor que o calculado por cosmólogos e físicos teóricos", conta o professor Jorge Meléndez, da Universidade de São Paulo (USP).
Lítio em estrelas antigas
Portanto, essas detecções - até 200 vezes mais Li-6 em estrelas do que o predito pelo Big Bang - eram alarmantes, e muitos cosmólogos e físicos teóricos têm tentado explicar a discrepância usando teorias alternativas que incluem física exótica.
Usando dados obtidos com o telescópio de 10 metros (o maior do mundo) do observatório Keck, localizado em Mauna Kea, no Havaí (EUA), o grupo de astrônomos eliminou a incoerência.
Eles constataram que não existe Li-6 nas estrelas mais antigas de nossa galáxia.
"A descoberta da não existência de Li-6 em estrelas pobres em metais é de grande importância, pois reconcilia as previsões teóricas do Big Bang com as recentes observações em estrelas", afirma Meléndez.
Segundo Karin Lind, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, a teoria do Big Bang agora repousa sobre bases mais firmes: "Além disso, compreender o nascimento do nosso Universo é fundamental para a compreensão da posterior formação de todos os seus componentes, incluindo nós mesmos", é o que declara a cientista em nota divulgada no site do Observatório Keck.
Agora será necessário esperar a análise e a crítica dos dados por outras equipes, além de novos dados de mesma qualidade obtidos a partir de um número maior de estrelas - o estudo agora publicado estudou apenas quatro delas.
Bibliografia:
The lithium isotopic ratio in very metal-poor stars
Karin Lind, Jorge Meléndez, Martin Asplund, Remo Collet, Zazralt Magic
Astronomy and Astrophysics
Vol.: 554 - A96
DOI: 10.1051/0004-6361/201321406
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