terça-feira, 19 de agosto de 2014

Poeira interestelar desafia teorias

em terça-feira, 19 de agosto de 2014

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Trilha de 35 micrômetros deixada pelo maior dos grãos de poeira analisados (bem no alto à esquerda), e o próprio grão (direita), que pesa 3 picogramas.[Imagem: Andrew Westphal et al. - 10.1126/science.1252496]

Poeira interestelar


As partículas capturadas pela sonda espacial Stardust, embora poucas, apresentam uma variação maior do que seria esperado para objetos capturados tão próximos em termos espaciais.

Isto está levando os pesquisadores a concluírem que esses grãos microscópicos são realmente poeira interestelar, e não resquícios gerados por impactos no próprio Sistema Solar.

A sonda usou um coletor de aerogel, um material extremamente leve e poroso, para capturar e partículas do cometa Wild 2, voando bem na sua cauda, e também partículas do espaço mais distante de qualquer objeto celeste, durante sua viagem.

As partículas são minúsculas, com diâmetros na faixa dos micrômetros, e só estão sendo encontradas graças a dezenas de milhares de voluntários do projeto de ciência-cidadã Stardust@home.

Em um processo que ainda não está finalizado, o aerogel precisa ser visualizado micrômetro por micrômetro em busca dos sinais de partículas, o que significa olhar detalhadamente para cerca de 1,5 milhão de fotografias.

Infelizmente, mais de 50 das partículas localizadas até agora foram liberadas pela própria sonda espacial, resultantes da abrasão de seus painéis solares. E outras foram localizadas no suporte de alumínio da "raquete" coletora, e não no próprio aerogel.

Os pesquisadores agora divulgaram os resultados da análise da composição química e estrutural de sete partículas, com uma massa total na casa dos picogramas - 1 picograma equivale a 1 trilionésimo de grama. Três delas foram encontradas no aerogel e quatro na estrutura de alumínio.


A raquete de aerogel da Stardust ficou 195 dias capturando poeira do espaço vazio, e depois foi girada para capturar no outro lado a poeira de um cometa. [Imagem: NASA/JPL]

Composição da poeira interestelar


Embora seja muito pouco para uma análise estatisticamente segura, os dados mostraram uma larga variação nas dimensões, na composição química e na estrutura atômica das sete partículas.

Isto demonstra que as partículas tiveram histórias muito diferentes, podendo ser as primeiras amostras de poeira interestelar a serem analisadas.

Contrariamente às previsões das teorias, duas partículas são cristalinas, e não amorfas. "Nós esperávamos uma estrutura cristalina no máximo em dois por cento da poeira," disse Jan Leitner, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

De acordo com as teorias aceitas até agora, a maioria das partículas cristalinas no espaço interestelar seria destruída por raios cósmicos de alta energia e ondas de choque, ou convertidas em pó amorfo. Agora a questão volta a ficar em aberto.

Apenas uma das amostras analisadas foi identificada como "seguramente extraterrestre". Trata-se de um silicato ferromagnesiano nunca encontrado na Terra.

Outras amostras contêm sulfeto de ferro e ferro puro, além de alumínio, cromo, manganês, níquel e cálcio.

"A presença de grânulos cristalinos e múltiplas fases do ferro, incluindo sulfeto, indica que as partículas interestelares individuais divergem de qualquer modelo representativo da poeira interestelar inferido a partir das observações astronômicas e das teorias," concluiu a equipe.

A análise da poeira do cometa trazida pela Stardust também ajudou a melhorar as teorias sobre esses corpos.

Bibliografia:

Evidence for interstellar origin of seven dust particles collected by the Stardust spacecraft
Andrew J. Westphal et al.
Vol.: 345 no. 6198 pp. 786-791
DOI: 10.1126/science.1252496


Fonte: Inovação Tecnológica

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