Nada no Universo conhecido, natural ou feito pelo homem, é tão frio quanto o interior da câmara do experimento Cuore.[Imagem: Cuore/Laboratório Nacional Gran Sasso] |
Frio universal
Enquanto a NASA se prepara para criar a matéria mais fria do universo dentro da Estação Espacial Internacional, em um laboratório subterrâneo na Itália, uma equipe internacional de cientistas já criou o metro cúbico mais frio de que se tem notícia.
A câmara, aproximadamente do tamanho de uma geladeira, atingiu 6 milliKelvin, ou -273,144º C.
O teste é uma preparação para um estudo inédito sobre os neutrinos, partículas um tanto fantasmagóricas que podem ser a chave para a existência da matéria, esta matéria de que somos feitos.
A colaboração responsável pela refrigeração recorde é chamada CUORE (Cryogenic Underground Observatory for Rare Events, ou Observatório Criogênico para Eventos Raros). A colaboração CUORE é formada por 157 físicos da Itália, China, EUA, Espanha e França, e está trabalhando nas instalações subterrâneas do Laboratório Gran Sasso, na Itália.
"Nós estamos construindo este experimento há quase dez anos," conta Yury Kolomensky, da Universidade da Califórnia em Berkeley. "Esta é uma tremenda façanha de criogenia. Nós superamos a meta dos 10 milliKelvin. Nada tão grande no Universo jamais foi tão frio."
A primeira câmara é uma geladeira comum, enquanto a mais interna é refrigerada com uma mistura de hélio-3 e hélio-4. [Imagem: CUORE collaboration] |
Neutrinos, matéria e antimatéria
A fim de atingir temperatura tão baixas, a equipe usou um design de multicâmaras parecidas com bonecas russas: seis câmaras no total, cada uma ficando progressivamente menor e mais fria.
O objetivo final para esse metro cúbico mais frio do Universo é abrigar um novo detector ultrassensível.
O objetivo da colaboração CUORE é observar um processo hipotético muito raro, chamado "decaimento beta duplo sem neutrino". Se esse processo realmente existir e puder ser detectado, ele poderá permitir que os físicos demonstrem pela primeira vez que os neutrinos são suas próprias antipartículas.
Os detectores de cristal, cada um com o tamanho de um cubo de Rubik, são dispostos em torres. [Imagem: Cuore/Laboratório Nacional Gran Sasso] |
Para detectar o decaimento beta duplo sem neutrino, a equipe está usando um detector composto por 19 torres independentes de cristais de dióxido de telúrio (TeO2) - cada torre é formada por 52 cristais, cada um pouco menor do que um cubo mágico.
A equipe espera poder detectar sinais do processo radioativo raro dentro destes cristais em forma de cubo, uma vez que o fenômeno produziria um aumento de temperatura ínfimo, que poderá ser captado por sensores altamente sensíveis à temperatura.
Bibliografia:
The Coldest Cubic Meter in the Known Universe
Jonathan Ouellet
arXiv
http://arxiv.org/abs/1410.1560
Fonte: Inovação Tecnológica
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