Os cientistas do CERN e do LHC estão de olho em uma forma de proteger os astronautas da radiação espacial. [Imagem: K. Anthony/CERN] |
Escudo magnético supercondutor
Uma equipe do CERN, a entidade que dirige o LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, está trabalhando para desenvolver um ímã supercondutor que poderá proteger os astronautas da radiação cósmica durante as missões no espaço profundo.
A ideia é criar um campo magnético ativo que servirá como escudo para proteger as naves espaciais e seus ocupantes das partículas de alta energia, os chamados raios cósmicos.
Os pesquisadores do CERN vão usar bobinas supercondutoras de diboreto de magnésio (MgB2), um material supercondutor que foi desenvolvido sob a forma de fios para ser usado no LHC.
"No âmbito do projeto, vamos testar nos próximos meses uma bobina com uma fita supercondutora de MgB2," disse Bernardo Bordini, coordenador do projeto SR2S (Space Radiation Superconductive Shield). "A bobina-protótipo foi projetada para quantificar a eficácia da tecnologia de blindagem magnética supercondutora."
"Se a bobina-protótipo que vamos testar der resultados positivos, teremos contribuído com informações importantes para a viabilidade do escudo magnético supercondutor," disse Amalia Ballarino, membro da equipe.
Radiação cósmica nos astronautas
Durante as viagens espaciais de longa duração os astronautas não podem contar com a magnetosfera terrestre, que nos protege na superfície do planeta. Sem a proteção, os astronautas são bombardeados com raios cósmicos de alta energia que podem causar um aumento significativo na probabilidade de vários tipos de cânceres.
O CERN já possui em funcionamento uma linha de 20 metros de comprimento de cabos supercondutores de MgB2, capazes de transmitir 20.000 amperes. [Imagem: CERN] |
Um instrumento que viajou a Marte junto com o robô Curiosity mostrou que um astronauta que estivesse a bordo receberia por dia a mesma quantidade de radiação natural que atinge uma pessoa na superfície da Terra durante um ano.
Experimentos adicionais mostraram como uma viagem a Marte pode causar danos ao cérebro dos astronautas.
Devido a isso, as missões de exploração a Marte ou outros destinos distantes só serão possíveis se for encontrada uma solução eficaz para proteger adequadamente os astronautas - a falta dessa tecnologia foi uma das principais razões que levaram recentemente os diretores da NASA e da ESA a dizerem que ir a Marte é um sonho distante.
Tecnologias inexistentes
Mas ainda há vários outros desafios a superar antes que um escudo espacial com base na tecnologia de um campo magnético ativo possa ser montado em uma nave.
Por exemplo, será necessário testar e comparar várias configurações magnéticas possíveis, além de comparar os melhores resultados obtidos com outras tecnologias em desenvolvimento, e, finalmente, desenvolver todas as tecnologias para viabilizar um escudo magnético supercondutor leve o suficiente para ser levado ao espaço de forma economicamente viável.
De qualquer forma, o supercondutor MgB2 parece ser uma aposta interessante pela sua capacidade de operar a temperaturas relativamente elevadas (até cerca de 25 K), o que exige um sistema criogênico simplificado.
Fonte: Inovação Tecnológica
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