Uma das primeiras perguntas feitas pelos candidatos à compra de um
telescópio é sobre o que será possível ver através da ocular. Perguntas como
"o que vai dar pra ver?" ou "dá pra ver Júpiter e as
estrelas?" são as mais comuns e deixam qualquer principiante completamente
perdido ante a compra de um instrumento.
Antes de qualquer coisa é muito importante saber que nenhum telescópio existente é capaz de fornecer as mesmas imagens que acompanham as embalagens dos produtos ou aquelas cenas deslumbrante vistas na internet ou na televisão. Nem mesmo o telescópio espacial Hubble é capaz de obter paisagens tão impressionantes. Essas imagens são fruto de longas exposições fotográficas onde uma mesma área do espaço é registrada por horas, dias e até mesmo meses, produzindo diversas cenas que são depois somadas, ou como se diz no linguajar astronômico, "empilhadas".
Outro detalhe que precisa ser lembrado é que quando observadas através da ocular, ao contrário do que se pensa as estrelas não aumentam de tamanho. Elas apenas brilham mais. Isso faz com que as estrelas antes invisíveis tenham seu brilho aumentado e possam ser vistas e estudadas. Os planetas, ao contrário das estrelas, parecem maiores e suas formas arredondadas podem ser percebidas com maior facilidade.
Como o
telescópio amplifica o brilho dos objetos, aglomerados estelares e nebulosas de
gás completamente imperceptíveis aos olhos humanos passam a serem visíveis,
podendo revelar detalhes muito interessantes de serem analisados.
Poder de Resolução
Antes de esclarecer o que
pode ser visto através do telescópio, é importante conhecer um parâmetro muito
importante sobre o aparelho visual humano chamado Poder de Resolução.
Experimente
desenhar dois pequenos pontos, bem próximos um do outro, em uma folha de papel.
Pregue esta folha na parede e afaste-se dela até não conseguir mais distinguir
um ponto do outro. Quando isso acontecer a distância angular entre os dois
pontos será de aproximadamente 2 minutos de arco, ou 2'. Esse valor é típico da
vista humana normal e significa que dois objetos com distância angular inferior
a esta serão percebidos pelos olhos como um objeto único. Algumas pessoas com
excelente visão conseguem distinguir pontos mais próximos, de aproximadamente
30 segundos de arco (quatro vezes melhor), mas são exceções.
Estrelas Duplas
No céu existem milhares de estrelas visualmente muito próximas entre si
e devido à limitação explicada acima elas se parecem como um único ponto. O
exemplo mais famoso é a estrela Alpha Centauri, localizada a leste do Cruzeiro
do Sul.
Vista sem o uso de instrumentos Alpha Centauri é um ponto bastante brilhante, mas quando observada através de um pequeno telescópio percebe-se claramente que não se trata de uma única estrela, mas sim de duas, Alpha Centauri A e B. Se olharmos este mesmo conjunto de duas estrelas com um telescópio dotado de uma objetiva maior, veremos que existe outra estrela próxima a ele, Alpha Centauri C, também chamada de Próxima Centauri.
Com
deu pra perceber, o poder de separação de um telescópio cresce proporcionalmente
com o diâmetro da objetiva principal. Uma objetiva de 100 milímetros (10 cm) de
diâmetro tem um poder de resolução de 1 segundo de arco (1”), ou seja, é 120
vezes melhor que nossa vista. Em outras palavras, com um telescópio de 100
milímetros de abertura é possível "resolver" uma separação angular de
apenas 1 segundo de arco, 120 vezes mais "colados" do que aqueles que
conseguimos ver com nossos olhos.
Resumindo,
um telescópio melhora a capacidade do olho em resolver sistemas muito próximos,
permitindo observar detalhes completamente impossíveis de serem vistos sem o
uso de instrumentos, separando objetos que à vista desarmada pareceriam um
único ponto.
Magnitude Visual
Outro detalhe importante que o
principiante deve conhecer se refere ao brilho dos objetos, medido em
magnitudes. Nesse sistema, inventado pelo grego Hiparco no ano de 129 a.C,
quanto maior a magnitude de uma estrela, menor será o seu brilho. Assim,
estrelas com magnitudes negativas serão mais brilhantes do que aquelas com
magnitude positiva. Veja alguns exemplos:
Brilho da Lua Cheia: magnitude de -13
Estrela Sirius, a mais brilhante do céu: Magnitude -1.45
Limite da visão humana: +6
Binóculo de 50 mm: +9
Plutão: +15.1
Limite dos maiores telescópios terrestres: +28
Limite do telescópio Hubble: +30.
Estrela Sirius, a mais brilhante do céu: Magnitude -1.45
Limite da visão humana: +6
Binóculo de 50 mm: +9
Plutão: +15.1
Limite dos maiores telescópios terrestres: +28
Limite do telescópio Hubble: +30.
Pela tabela acima é fácil constatar que nenhum objeto
com magnitude superior a +6 pode ser visto pelo olho humano, mas um pequeno
binóculo de 50 milímetros já permite ampliar este limite para 9 magnitudes, um
brilho 15 vezes mais fraco!
O que dá pra ver?
Como explicado, o que realmente dá
poder a um telescópio é sua "abertura". No caso dos telescópios
refratores, aqueles formados por lentes, essa "abertura" é o próprio
diâmetro da lente que fica à frente do instrumento, chamada de objetiva. Nos
telescópios refletores essa "abertura" é dada pelo diâmetro do
espelho principal. Quanto maior a abertura, mais luz se pode captar, além de
permitir maiores aumentos.
E não se esqueça: o aumento máximo permitido por um
telescópio é o dobro da sua abertura. Assim, um telescópio de 60 milímetros de
abertura proporciona no máximo 120 vezes de aumento, enquanto um com 200
milímetros permite aumentos de até 400 vezes. Isso significa que telescópios
com 60 milímetros de abertura não conseguem aumentar 700 vezes!
Fonte: APOLO11
Fonte: APOLO11
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